Universidade de Reading – Arquitetura

Universidade de Reading

Bom dia, gente! Como eu havia dito, no sábado eu estive na Universidade de Reading para descobrir tudo sobre o curso de arquitetura que eles oferecem.

A Universidade de Reading fica na cidade de Reading*, em Berkshire e foi fundada em 1892. Originalmente uma escola extensão da Universidade de Oxford, com o nome University College, Reading, recebeu o título de universidade em 1926 – a única instituição do Reino Unido a receber o título entre as duas grandes guerras. Todas a literatura sobre a universidade dá muito destaque para o fato de a universidade estar no top 1% do mundo: a posição da universidade no QS World University Rankings é 156º, o que não é ruim, mas soa bem menos impressionante, rs.

Eu nunca tinha ido a um evento como esse antes e não sabia muito bem o que esperar. Bom, para evitar a surpresa desagradável que aconteceu na minha primeira tentativa de Open Day, fui de trem. Quando cheguei na estação, estava cheio de estudantes super animados com plaquinhas indicando o caminho para o ponto de ônibus. Chegando no campus, fui seguindo a multidão de pessoas de 17 anos com seus pais até o local do checkin. Tudo muito organizado, depois de escanear a inscrição você recebe uma bolsinha e passa para dentro da tenda, onde estavam estandes de todos os cursos, orientação financeira, moradia, esportes, a rádio da universidade e outras coisas que, no momento, não são do meu interesse. Peguei o folheto da arquitetura e saí correndo o mais rápido que eu consegui – não sem antes me sentir uma velha de 150 anos.

Dentro da bolsa, tinha um mapa dos dois campus da universidade, um folheto sobre a biblioteca e alguns cartões postais. Me localizei e achei o prédio onde seriam as palestras sobre o curso e resolvi dar uma volta. Entrei na biblioteca e gostei bastante: acesso 24 horas, bastante espaço de estudo em grupo e individual. Não vi o acervo, mas acho que ainda não existe, pelo modo como a bibliotecária (acho!) falou – que os livros ficariam no segundo ou terceiro andar.

Fui, em seguida, para o prédio onde ficam os cursos relacionados à construção civil. Cheguei super cedo, a palestra era às 11 e eu cheguei às 9.45 – pensei que, assim que eu descobrisse onde eu tinha que ir, eu poderia arrumar um canto e terminar de ler o meu livro. Só que acabei entrando numa sala cheia de gente pra ver o que estava acontecendo e comecei a conversar com um pessoal, fui apresentada à professora Flora Samuel – descobri que a mulher tem até página na Wikipedia, na hora não sabia que ela era importante, rs -, conversamos bastante sobre o ensino de arquitetura, Reading e outras escolas, achei ela fantástica, antes mesmo de descobrir quem ela era. Ela recomendou que eu assistisse a palestra sobre os outros cursos (Quantity Surveying, Building Surveying e Construction Managing – não saberia com traduzir exatamente os dois primeiros, mas posso tentar explicar pra quem tiver curiosidade), para ter uma ideia de como é a escola onde está o curso de arquitetura. Obviamente, a função desses dias de visita é vender a escola da melhor forma possível, mas me pareceu ser uma escola bem focada no aluno e com uma empregabilidade excelente no final.

A palestra sobre o curso de arquitetura foi tipo comprar imóvel na planta: estão tentando de vender algo que ainda não existe. O curso começa em Setembro do ano que vem e eles estão tentando te (me?) convencer que essa é uma grande vantagem. O curso vai funcionar no outro campus – London Road -, que é o campus onde a universidade começou, num prédio bem bonito que está sendo reformado (não pude ver por dentro, só vimos as fotos na apresentação). A ideia é que cada aluno tenha o seu próprio espaço de trabalho no estúdio, que também terá acesso 24 horas (eu falei pra Flora que estou muito velha pra trabalhar de madruga, ela disse que ninguém deveria, rs). A diretora do curso, Lorraine Farrelly, me pareceu bem engajada em fazer o curso acontecer, por assim dizer.

Universidade de Reading Arquitetura

Para terminar, fui conhecer o campus onde está o novo prédio – tudo muito bonito e tranquilo, talvez porque seja sábado. O trânsito em volta parece muito ruim, na verdade, mas dentro do campus, a maior calma.

Então, em resumo (pra vocês e pra mim também, na hora de fazer minhas escolhas):

O que eu gostei: o fato de ser um curso novo – o curso de arquitetura da UFU também estava começando quando eu entrei, a vibe é completamente diferente de quando o negócio já está andando, é mais um sentimento de comunidade, de “estamos construindo algo juntos”; acesso 24 horas, apesar de eu não ter intenção de usar; o entusiasmo da galera; o foco no mercado de trabalho.

O que eu não gostei: a biblioteca ficar no outro campus. Acho que só isso. Se eu lembrar de mais alguma coisa, edito depois.

Dicas para quem quer se inscrever: conversei com a tutora de admissões e com a diretora do curso, e essas foram as coisas interessantes que elas me disseram:

  • Para quem já saiu da escola há 10 anos ou mais, talvez a universidade exija um curso chamado “Access to Higher Education”. Ela não acha que alguém que tenha cursado arquitetura precise fazer, mas ela ia checar com a universidade e me dar um retorno.
  • Referência: pode ser acadêmica ou profissional. O que eles querem saber é se o aluno tem aptidão para o curso, não precisa de nenhum relatório detalhado da performance ou coisa assim.
  • Portifólio: não tem formato específico, já que é apresentado pessoalmente. Eles querem saber se você tem noção espacial. Desenhos a mão livre, croquis, CAD, fotografias, maquetes, trabalhos de arte – vale tudo.

Se alguém quiser perguntar alguma coisa, ou quiser que eu entre em contato com a universidade com algum questionamento, é só me mandar uma mensagem.

No sábado, estou na estrada novamente para visitar Cardiff. Me desejem sorte! 🙂

*pronuncia-se “réding”, não como o verbo!

Top 5: as melhores escolas de arquitetura do Reino Unido

top 5 escolas de arquitetura do reino unido

Bom dia, gente! A dica de hoje é para quem está pensando em estudar no exterior: a lista das 5 melhores escolas de arquitetura do Reino Unido, segundo o jornal Guardian. Sei que essas listas geralmente são controversas, mas resolvi usar a do Guardian porque a revista Architects’ Journal a usou para a edição anual sobre ensino – eles se concentraram nas piores escolas, voltarei pra falar aqui a respeito semana que vem.

Os critérios usados pelo Guardian para ranquear as universidades são oito: os resultados da pesquisa nacional de estudantes com relação ao ensino (1), avaliação e feedback (2) e satisfação geral com o curso (3), comparação entre a nota de entrada e o grau atingido ao completar o curso (4), proporção alunos por professor (5), valor gasto por aluno (6), pontuação de entrada (7) e perspectiva de carreira (8).

Confira abaixo as top 5:

5. Bath

University of Bath Logo

Localizada na cidade de Bath, em Somerset, a Universidade de Bath tem uma particularidade única no Reino Unido: o departamento de Arquitetura e Engenharia Civil é um só, interdisciplinar. Isso se reflete no caráter colaborativo entre as duas disciplinas durante todo o curso. O curso é oferecido de forma “sanduíche” – normalmente o ano de prática profissional ocorre após o término da graduação (3 anos), Bath oferece a prática profissional após o segundo ano.

A universidade tem um alto índice de satisfação dos alunos, mas também tem uma proporção alta de alunos por professor e gasta relativamente pouco por aluno (4/10). A perspectiva de carreira é excelente, com 92% dos alunos conseguindo uma colocação ou prosseguindo os estudos em até 6 meses de formado. Tem também uma das pontuações mais altas de entrada, perdendo apenas para Cambridge.

A anuidade custa £9000 para estudantes britânicos ou europeus e £18100 para estudantes estrangeiros. Para os que não falam inglês como primeira língua, também é exigida nota 7.0 no IELTS.

4. Cambridge

University of Cambridge logo

A Universidade de Cambridge é famosa por ser uma das melhores do mundo e com o curso de arquitetura não é diferente. É uma das escolas de arquitetura fora de Londres mais antigas do Reino Unido, o departamento foi fundado em 1912 – antes de meados do século XIX, arquitetura britânica era tradicionalmente uma profissão passada através da prática. O curso tem um viés mais acadêmico, com bastante ênfase em teoria e história.

Apesar da ótima reputação, os índices de satisfação não são tão bons assim: no item “avaliação e feedback”, o índice foi pouco mais de 55%. A tabela do Guardian não apresenta a taxa de colocação no mercado, mas uma outra pesquisa aponta um índice de 100%.

A anuidade custa £19,713 para estudantes estrangeiros e o nível de inglês exigido é 7.5 no IELTS.

3. Kent

University_of_Kent_logo

Fundada em 2005, a escola de arquitetura da Universidade de Kent fica na cidade de Canterbury. O ponto alto da jovem escola é a arquitetura sustentável, que é ensinada em todos os módulos. Há, ainda, a oportunidade de estudar por um semestre no exterior.

A universidade se saiu bem em todos os quesitos da pesquisa e, entre as 5 primeiras, é a que tem a menor pontuação de entrada. No item ‘perspectiva de carreira’, a universidade teve 96%.

A anuidade custa £15380 para estudantes estrangeiros e a nota exigida no IELTS é 6.5.

2. Cardiff

cardiff-university-logo

A Escola Galesa de Arquitetura, como é chamada a escola da Universidade de Cardiff, fica na capital do País de Gales e a única universidade do pequeno país a oferecer o curso no nível de graduação. A escola funciona de maneira diferente do tradicional, oferecendo um curso de 5 anos que inclui as partes 1 e 2, com a prática profissional acontecendo no quarto ano do curso. A escola tem um grande foco na criatividade.

A universidade também se saiu muito bem em todos os itens – no item colocação no mercado, o índice foi 100%.

A anuidade custa £17500 para estudantes estrangeiros. A nota mínima no IELTS para ingresso é 6.5.

1. UCL

ucl-logo

A escola de arquitetura da Bartlett tem uma das melhores reputações no Reino Unido – tradicionalíssima, e a única do top 5 localizada em Londres (na verdade, a única no top 20, as escolas de arquitetura em Londres não estão bem posicionadas no ranking). Fundada em 1841, a fama da escola é que ela é mais inclinada para o lado artístico do que para o técnico.

Agora, eu não entendo muito bem o porquê de a UCL ter ficado em primeiro lugar, fora pela reputação: nem todos índices de satisfação são altos, nos outros itens é tudo bem parecido com as outras e o item ‘perspectiva de carreira’ não foi informado – mas a outra pesquisa, diz que é 90%, abaixo das outras top 5.

De qualquer forma, aqui estão as 5 melhores. E mais uma…

Escola bônus: AA

Architectural_Association_Logo

Bom, apesar de o artigo ser a respeito do ranking do Guardian, eu não poderia deixar de falar da AA. A Architectural Association, fundada em 1847, é a escola de arquitetura mais famosa do mundo. Muitos dos chamados “starchitects” passaram por lá – Rem Koolhaas, Zaha Hadid, David Chipperfield, Richard Rogers -, mas a AA nunca aparece nessas listas porque é uma instituição privada. A maioria dos estudantes (cerca de 90%) vêm de fora, já que a anuidade é proibitiva para quem mora aqui, mas não muito diferente para quem vem de outros países (£19,371 por ano) e a reputação fala mais alto. A AA é famosa pelo pensamento de vanguarda – adoraria conversar com alguém que estudou por lá para saber como realmente é, na vida real!

Observações gerais:

  • £9000 é o valor máximo que as universidades na Inglaterra podem cobrar de alunos britânicos e europeus. A maioria das universidades cobram esse valor. No País de Gales, a anuidade é subsidiada para os moradores do país.
  • Grande parte das universidades britânicas não aceita o certificado de conclusão do ensino médio como suficiente para admissão em cursos de graduação. A recomendação é se informar bem com a instituição onde quiser estudar. Algumas aceitam 1 ano de graduação no Brasil, outras oferecem um curso chamado foundation – uma base para quem quiser estudar aqui, outras oferecem as duas opções. O International Baccalaureate (IB) normalmente é aceito.