Representatividade importa

arquitetas invisíveis

Bom dia, gente! Eu ia escrever esse post no sábado, mas achei que não podia esperar – então o post de hoje sai no sábado e essa semana, excepcionalmente, não vai ter Diário (não tem nada pra contar, mesmo). E por que não pode esperar? Porque tempo é dinheiro, e nesse caso, dinheiro importante 🙂

Foi lançado essa semana o financiamento coletivo para a primeira edição da revista Arquitetas Invisíveis.

Nas palavras das arquitetas e estudantes de arquitetura fundadoras do grupo:

O Coletivo Arquitetas Invisíveis é uma ação que busca promover a igualdade de gênero dentro do âmbito da arquitetura e do urbanismo, por meio do reconhecimento e divulgação da vida e obra de arquitetas desprestigiadas pela história. Criado por estudantes da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília, a primeira iniciativa do grupo foi no sentido de ampliar o repertório dos estudantes e profissionais de arquitetura e urbanismo e, ao mesmo tempo, incitar a discussão sobre gênero no meio acadêmico e profissional.

Tenho acompanhado a página do Facebook há muito tempo e o trabalho dessas mulheres é incrível. Estava ansiosa para o lançamento da revista e adorei saber que posso colaborar para que o projeto se torne realidade. Então, gostaria de convidar todo mundo para colaborar para a viabilização desse projeto. Você que é arquiteta. Você que quer ser arquiteta. Você que se pergunta “cadê as arquitetas desse mundo?”. O prazo para a arrecadação é até 16 de janeiro e eu vou lembrando vocês de ajudar (porque eu sou chata assim). Clique aqui AGORA e faça sua contribuição. Você pode ajudar com qualquer valor a partir de R$10 – mas eu quero aquele lenço 😍.

E eu prometi em outubro que iria dedicar uma semana às arquitetas desse mundo, não saiu em outubro mas pode marcar aí na agenda: de 14 a 18 de dezembro – semana das arquitetas no arquicarolina!

Imagem: minas, roubei do FB de vocês, desculpa! Se não puder, é só falar.

Ser arquiteta num mundo de arquitetos

zaha hadid

Semana passada, pipocaram por toda a internet manchetes destacando que Zaha Hadid é a primeira mulher a ganhar a Royal Gold Medal do RIBA. O que me chamou a atenção mesmo foi a grande ênfase no termo “primeira mulher”. Por que isso é importante? Como isso me afeta e afeta você, arquiteta + estudante de arquitetura (do sexo feminino)?

Quando eu cheguei aqui na Inglaterra, percebi que as pessoas ficavam surpresas quando eu dizia que era arquiteta. Não foi até eu ler a edição de 2013 do especial Women in Architecture da revista Architects’ Journal (que os queridos da AJ me mandaram de presente quando disse que não achava pra comprar – beijo, AJ!) que eu me dei conta do porquê: arquitetura é um clube do Bolinha. Não é? Pra quem discorda, vamos fazer um exercício. 30 segundos no relógio. Quantos arquitetos famosos (do sexo masculino, que fique bem claro) você consegue se lembrar o nome? 10, 15, 20? Poderia ter continuado a lista quando o tempo acabou? Agora, quantas arquitetas? Chegou a 10? Eu não cheguei. Mal e mal passei de 5.

Eu já tinha programado falar sobre isso mais pra frente esse mês – e ainda vou dedicar uma semana inteira ao assunto – mas não queria deixar essa vitória da Zaha em branco. Nós precisamos de modelos, de mais Zahas, mais Linas, mais Denises, mais Francines – talvez não para nós, mas para que as futuras gerações saibam que podem sim ser arquitetas e que o reconhecimento não é privilégio dos homens.

*** Disclaimer: este não é um blog sobre feminismo. Este é um blog sobre arquitetura. Então vai ter arquitetos e vai ter arquitetas. Mas também é um blog pessoal e eu sou mulher, tenho uma filha (que, aos 6 anos, diz que quer ser arquiteta). Então, eu vou falar sim do papel do meu gênero na minha profissão e vou fazer tudo que estiver ao meu alcance pra mudar a situação atual das mulheres na arquitetura, começando com escrever sobre isso.