Semana passada, pipocaram por toda a internet manchetes destacando que Zaha Hadid é a primeira mulher a ganhar a Royal Gold Medal do RIBA. O que me chamou a atenção mesmo foi a grande ênfase no termo “primeira mulher”. Por que isso é importante? Como isso me afeta e afeta você, arquiteta + estudante de arquitetura (do sexo feminino)?
Quando eu cheguei aqui na Inglaterra, percebi que as pessoas ficavam surpresas quando eu dizia que era arquiteta. Não foi até eu ler a edição de 2013 do especial Women in Architecture da revista Architects’ Journal (que os queridos da AJ me mandaram de presente quando disse que não achava pra comprar – beijo, AJ!) que eu me dei conta do porquê: arquitetura é um clube do Bolinha. Não é? Pra quem discorda, vamos fazer um exercício. 30 segundos no relógio. Quantos arquitetos famosos (do sexo masculino, que fique bem claro) você consegue se lembrar o nome? 10, 15, 20? Poderia ter continuado a lista quando o tempo acabou? Agora, quantas arquitetas? Chegou a 10? Eu não cheguei. Mal e mal passei de 5.
Eu já tinha programado falar sobre isso mais pra frente esse mês – e ainda vou dedicar uma semana inteira ao assunto – mas não queria deixar essa vitória da Zaha em branco. Nós precisamos de modelos, de mais Zahas, mais Linas, mais Denises, mais Francines – talvez não para nós, mas para que as futuras gerações saibam que podem sim ser arquitetas e que o reconhecimento não é privilégio dos homens.
*** Disclaimer: este não é um blog sobre feminismo. Este é um blog sobre arquitetura. Então vai ter arquitetos e vai ter arquitetas. Mas também é um blog pessoal e eu sou mulher, tenho uma filha (que, aos 6 anos, diz que quer ser arquiteta). Então, eu vou falar sim do papel do meu gênero na minha profissão e vou fazer tudo que estiver ao meu alcance pra mudar a situação atual das mulheres na arquitetura, começando com escrever sobre isso.